Pessoa CAC ICBAS-Santo António | outubro

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Nome: Isabel Fonseca | Responsável pelo Gabinete de Projetos de Investigação da ULS de Santo António (CAC ICBAS-Santo António)
Formação: Licenciatura em Ciências da Nutrição pela Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto;
Mestrado em Saúde Pública, com Especialização em Bioestatística e Epidemiologia, pela Faculdade de Medicina/ Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto;
Doutoramento em Ciências Biomédicas pelo Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
Resumo: Nutricionista nos Serviços de Nutrição, Nefrologia e Unidade Corino de Andrade, áreas em que se concentra a maioria da sua investigação. Professora Auxiliar Convidada na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa e na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), onde integra a Comissão Científica do Doutoramento em Nutrição Clínica da FCNAUP
Máxima Clínica: “Não há análise estatística, por mais sofisticada que seja, que salve um estudo mal planeado.”

  1. Como iniciou a sua atividade na avaliação de projetos de investigação?

Em 2007, inserido no Departamento de Ensino, Formação e Investigação (DEFI) do Hospital de Santo António, foi criado o Gabinete Coordenador da Investigação por iniciativa e sob a responsabilidade da Prof. ª Doutora Margarida Lima. O apoio à preparação e submissão de projetos de investigação e a partilha de boas práticas de investigação fundamentaram a criação de um gabinete de características particulares e com algum impacto na instituição. Integrei a equipa multidisciplinar do Gabinete Coordenador da Investigação, nesse mesmo ano de 2007. O gosto pelo rigor metodológico e alguma diferenciação na área da bioestatística e da epidemiologia permitiram a implementação de um processo de análise científica das propostas de investigação submetidas no hospital e promover a adequação das metodologias de investigação, salvaguardando a segurança dos participantes e o cumprimento das normas institucionais. Foi um processo que partiu do zero, construído passo a passo e que ainda hoje reflete o trabalho de uma equipa pequena e coesa, que integro e lidero.

  1. Quais são os principais desafios que enfrenta na gestão e coordenação dos projetos de investigação na ULS de Santo António?

A escassez de recursos humanos. Os prazos a cumprir. Os tempos de aprovação institucional. A necessidade quase imediata de respostas. A carga burocrática. As fragilidades metodológicas dos estudos. A desinformação epidemiológica. Mas conhecer e poder contribuir para o planeamento das diferentes etapas do processo científico e para a viabilidade e consecução dos estudos de investigação na ULS de Santo António é um privilégio e uma grande responsabilidade.

  1. Como é que a colaboração entre investigadores internos e externos à ULS de Santo António contribui para a qualidade e inovação dos projetos de investigação?

A investigação baseia-se cada vez mais na colaboração entre investigadores, procedentes de áreas de conhecimento diversas (clínicas e não clínicas) e oriundos de instituições distintas. É essa investigação colaborativa que, muitas vezes, permite que uma ideia passe à prática e que uma pergunta de investigação possa ser respondida, com maior celeridade, com mais meios e com maior robustez científica. A investigação colaborativa, e no caso específico, com investigadores externos à ULS de Santo António, promove a oportunidade de combinar diferentes experiências, metodologias e conhecimentos, durante todo o processo de conceção, planeamento e realização do estudo. E esse é o ambiente propício a uma investigação mais inovadora, mais desafiante e de maior qualidade.

  1. Em que áreas específicas, o Centro Académico Clínico está atualmente a desenvolver projetos de investigação?

A ULS de Santo António recebe projetos de investigação procedentes de todas as áreas profissionais, de conhecimento e de especialidade. Habitualmente, estes projetos integram as linhas de investigação dos serviços clínicos, as unidades de investigação associadas e instituições académicas circundantes. Considerandos os projetos que são alvo de avaliação pelo gabinete que coordeno, eu diria que a área que mais desenvolve investigação, incluindo projetos académicos e não académicos, é a área das neurociências.  

  1. Quais são os principais benefícios que a investigação clínica traz à prática assistencial no contexto da ULS de Santo António, especialmente em áreas como a Nefrologia e a Nutrição?

A investigação clínica é a forma mais importante de melhorar os cuidados de saúde identificando os melhores meios para prevenir, diagnosticar e tratar doenças, qualquer que seja a área clínica. No caso específico da nefrologia, múltiplas investigações têm sido desenvolvidas, nomeadamente na compreensão da trajetória do declínio da função renal no doente renal idoso, para melhor personalizar o seguimento; na identificação de biomarcadores precoces de disfunção do enxerto após o transplante renal, para sinalizar e intervir precocemente nos doentes de maior risco de disfunção e perda de enxerto; no estudo de doentes hipersensibilizados para transplante, para melhor definir uma estratégia de dessensibilização, entre tantos outros realizados.
A investigação é também crucial para determinar o que funciona menos bem, para melhorar práticas e concentrar recursos na prestação de cuidados de saúde que proporcionem os maiores benefícios aos doentes. E aqui a investigação na área da nutrição é bem representativa, uma vez que a deteção e intervenção precoce da desnutrição e da sarcopenia a nível hospitalar se associam a diminuição das complicações durante a hospitalização, menores tempos de internamente e, consequentemente, menores custos. E neste caso específico a investigação clínica evidenciou uma área de intervenção chave, que pode melhorar os cuidados a cada doente, com repercussões significativas a nível dos serviços de saúde.

  1. Como é que a investigação científica pode melhorar a prática assistencial e qual é o papel do investigador na promoção dessa melhoria?

A investigação científica tem o propósito de dar resposta a uma pergunta clínica, por exemplo. O investigador tem a responsabilidade de planear um estudo para dar resposta à pergunta a que se propõe responder e que permitirá um diagnóstico mais precoce, uma intervenção mais atempada e uma sobrevivência mais longa. A título de exemplo, e no que se refere às áreas de investigação em que mais tenho trabalhado, o papel do investigador é traduzir os dados em melhorias clínicas. As inferências diagnósticas e prognósticas a partir de modelos estatísticos são fundamentais para que os profissionais de saúde tomem decisões clínicas na prestação de cuidados. Isso significa que, cada vez que processo números, analiso dados ou construo modelos preditivos, estou a trabalhar em algo que pode melhorar a avaliação do risco, reduzir a probabilidade de resultados tendenciosos e facilitar decisões na prática clínica.

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 Gabinete de Comunicação e Imagem ICBAS e Direção de Marketing e Comunicação Santo António

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